sábado, 21 de abril de 2012

O VALOR DA AMIZADE







Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários
foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram
morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma
menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar
ajuda por uma rádio e ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da
Marinha dos EUA chegaram ao local.
Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos
traumatismos e à perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas
como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía
o sangue preciso. Reuniram então as crianças e entre gesticulações,
arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo e que
precisariam de um voluntário para doar o sangue. Depois de um silêncio
sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino
chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante e
espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar
fixo no teto. Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou
o rosto com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo
e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas.
O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou.
Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso mas ininterrupto. Era
evidente que alguma coisas estava errada.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O
médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com
Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e
explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando... minutos depois ele estava novamente tranqüilo.
A enfermeira então explicou aos americanos: "Ele pensou que ia morrer; não
tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter
que dar todo o seu sangue para a menina não morrer."
O médico se aproximou dele e com a ajuda da enfermeira perguntou:
- "Mas se era assim, porque então você se ofereceu a doar seu sangue?"
E o menino respondeu simplesmente:
- "Ela é minha amiga."

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